segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

HAVER DE UM QUERER



Há a morte como coisa que eu quisesse, tal é para mim o absurdo de me ir pouco mais a cada manhã, qual o trago que toca-me a libido, qual o xadrez que devora-me a rainha. Há a solidão no solstício que me vai tocar de novo e de novo uma vez mais a cada manhã. Há solidão que me é o perigo, e ao estar-me só eu desenho versos como coisas de que nem sei o nome.

Arre, minha dama impossível! Meu alecrim não soube vingar... Minha vida é sempre um perigo vibrando na pele de quem me vai tocar. Ah, minha moça invisível, eu caminhei sozinho por este campo escuro e, quando fiz amigos e fiz-me o nome amigo, tu te voltas-te ao arrancar-me o tampo...

Uma noite só para escrever-te o perigo. Uma noite para a poeira que me cobre os móveis. Uma noite apenas para sanha medonha de quem se vive a vida desenhando versos como quem morre!



CRISANTE

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