quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

POEMA FEITO AVISO

Se te lambes o próprio dedo
É que também te podes desejar,
E o veneno que é teu, Capitú,
Que é em tu o teu lugar,
Tem o gosto de Judas.
Alimento do beijo que te vai matar.


És tu que não me sabes o nome.
Eu que me vou tão jovem,
Eu que nunca em mim me
Soube estar... Eu não tenho torpor,
Eu não quero torpor, não possuo,
Nem me quero, doravante, enganar


Não me compare, pois, aos Padres que
Te cheiram o assento, tampouco
Me diga por sob o choro surdo dos crentes!
Não sabes tu, Capitú, que teus pobres
E cegos espinhos mal me servem aos dentes?!
Não, eu não sou este de quem tu falas...


Não trago em mim espécie qualquer de
Romantismo, nunca em minha tola vida
Cantei a alguém canções de amigo.
Não, Capitú, não sou eu este mancebo
Poeta de quem tanto falas...
Se reconheces então em tu o teu perigo


Como te podes tão ingênua, perdida
Em teus domínios, achar que te
Quero ao meu lado, ou que te deva o temor?
Ah, virgem moça inconseqüente...
Como pôdes, a mim, dirigir tal sentença?...
Feito de facas, horas e mortes
Desejo-te, como a outra: sexo e imprudência.
Bela Capitú, não queiras, pois, a minha presença.
Não queiras tu estar ao meu lado... Não queiras jamais
Saber-me o nome!



CRISANTE

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