segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A UM POEMA DESESPERADO

Eu vi um poema desesperado
prostrado numa torre velha.
Pequeno poema. Doido poema.
Era uma sela aquele poema.
De desespero e loucura,
Era um menino aquele poema.


E todos em baixo da torre,
Abaixo do mundo,
Quase longe de mim
– Quis dizer que todos estavam abaixo
Onde existe a terra onde sofre o poema,
Onde morre as gentes de todo o mundo – ,
Toda aquela gente desalmada
Dizendo que não é lícito o suicídio
Matou com as próprias mãos o meu poema.


Eu aqui no meu futuro – que hoje chamo presente –,
Eu aqui no meu canto que hoje chama desencanto
Tentando respirar o ar daquela torre mesmo sabendo que
Tanta gente morre dentro dela. Eu aqui na minha solidão,
Tentando entender como tanto gente quis o mal daquele poema,
Jamais encontrarei resposta que não o próprio poema...


Eu sei que minha vida tem um pouco disso
Inclusive ontem eu rezei a Deus,
Mas vejo como eu sou: a única paz que consigo é a paz que
Vem das minhas mãos. E hoje eu vi que toda aquela gente,
Aquela mesma que estava no chão querendo mal ao meu poema,
Querem também um pouco de mim. São eles todos feitos de prisão...


CRISANTE

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