quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Resposta a um comentário

O esmero de algo, a intenção oculta... um dom! Quisera ser um "dom" para qualquer transeunte que se vai, que se vem... mas não, não sou um dom! Sou como o vento que passa em um dia de verão, sufocante calor... trago refresco, mas da mesma forma levo poeira aos olhos... não, não estou perto... não me capturarias em seu torpor poético, Crisante, até porque não há torpor, não conheces o torpor, não sabes o fel que há em ser ludibriado por minhas curvas e ser abandonado sem pudor, piedade ou consideração... não, mancebo poeta, não é um dom ter-me, não o queiras... tenho em mim muitos espinhos, e nem todos estão dispostos a lamber os dedinhos, quiçá prontos!

Capitú

Um comentário:

diz torções disse...

POEMA FEITO AVISO


Se te lambes o próprio dedo
É que também te podes desejar,
E o veneno que é teu, Capitú,
Que é em tu o teu lugar,
Tem o gosto de Judas.
Alimento do beijo que te vai matar.


És tu que não me sabes o nome.
Eu que me vou tão jovem,
Eu que nunca em mim me
Soube estar... Eu não tenho torpor,
Eu não quero torpor, não possuo,
Nem me quero, doravante, enganar


Não me compare, pois, aos Padres que
Te cheiram o acento, tampouco
Me diga por sob o choro surdo dos crentes!
Não sabes tu, Capitú, que teus pobres
E cegos espinhos mal me servem aos dentes?!
Não, eu não sou este de quem tu falas...


Não trago em mim espécie qualquer de
Romantismo, nunca em minha tola vida
Cantei a alguém canções de amigo.
Não, Capitú, não sou eu este mancebo
Poeta de quem tanto falas...
Se reconheces então em tu o teu perigo


Como te podes tão ingênua, perdida
Em teus domínios, achar que te
Quero ao meu lado, ou que te deva o temor?
Ah, virgem moça inconseqüente...
Como pôdes, a mim, dirigir tal sentença?...
Feito de facas, horas e mortes
Desejo-te, como a outra: sexo e imprudência.
Bela Capitu, não queiras, pois, a minha presença.
Não queiras tu estar ao meu lado... Não queiras jamais
Saber-me o nome!


CRISANTE