segunda-feira, 14 de abril de 2008

Talvez



Talvez o sonho parta-me
Talvez minha tíbia parta-se
Talvez seja-me clausura
Ou não me seja nada

Talvez seja-me enredo
Uma abertura de espaço
Inelutavelmente tu
Em tua forma impraticável

Talvez seja-me a escola
Apinhado de coisas inúteis
Talvez mais proveitoso
Seja-me o educo do nada

Talvez, inda que me seja,
Dobre-se e não seja
Talvez seja-me o quadro
Tal ruptura inadiável

Talvez seja-me a cobra
O câncer do punhal
Ou seja-me o rubro “talvez”
A esfinge doutra coisa

Não sei se posso e quero
Talvez seja-me absurdo
Ou então me seja talvez
O que se quer que seja

O que nunca será “talvez”
O que ninguém pode
O que não se quer que seja...
Mero desperdício de vida

Talvez um copo vazio
Ou nem isso me seja
– uma culpa, quem sabe?,
Que me venha sentida

Ou ressentimento tombado
No cerne de minha pessoa
Esse sujeito inadiável
Que se ocupa aqui do transe

Talvez mesmo seja-me isso:
Talvez-talvez-talvez...
O certo é que não sei,
Já que não se mede tão fácil.

CRISANTE

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